Abordagens de Grande sertão: veredas, por Willi Bolle
“A fortuna crítica do romance, que já acumula mais de 1500 títulos, confirma uma observação de Joseph de Maistre sobre a recepção em geral: dois ou três críticos fixam inicialmente a opinião, e a grande maioria dos que vêm depois segue por essas mesmas trilhas. Assim, as marcas de dois ensaios pioneiros, ambos publicados em 1957, respectivamente por Antonio Candido e M. Cavalcanti Proença, podem ser identificados em boa parte das abordagens posteriores, que se deixam agrupar em cinco tipos metodológicos:
1
Os estudos linguísticos e estilísticos, como os de Mary l. Daniel (1968) e Teresinha Souto Ward (1984), que, junto com as compilações lexicais de Nei Leandro de Castro (1970) e Nilce Sant'Anna Martins (2001), proporcionam subsídios básicos para a compreensão do texto difícil;
2
As análises de estrutura , composição e gênero, como as de Roberto Schwartz (1965a e 1965b), Eduardo F. Coutinho (1980, 1983, 1991 e 1993), Benedito Nunes (1985), Rosemary Arrojo (1985) e David Arrigucci Jr (1994), que tecem relações intertextuais e situam a obra de Rosa no universo geral da literatura;
3
A crítica genética, com contribuições de Maria Célia Leonel (1985 e 1990), Lenira Covizzi e Maria Neuma Cavalcante (1990) Walnice Galvão (1990), Edna Maria dos Santos Nascimento (1990), Elizabeth Hazin (1991 e 2000), Cecília de Lara (1993, 1995 e 1998) e Ana Luiza Martins Costa (1997-98 e 2002), dedicadas a esclarecer o processo de elaboração da obra a partir dos materiais reunidos pelo escritor.
A esses três paradigmas de leitura acrescentam-se os estudos onomásticos (Ana Maria Machado, 1976), bibliográficos (Suzi Frankl Sperber, 1976), folclorísticos (Leonardo Arroyo, 1984), cartográficos (Alan Viggiano, 1974; Marcelo de Almeida Toledo, 1982), e os dois restantes tipos de análise que acabaram polarizando o debate em torno da obra:
4
As interpretações esotéricas, mitológicas e metafísicas – representadas por estudiosos como Consuelo Albergaria (1977), Francis Utéza (1994), Kathrin H. Rosenfield (1993) e Heloísa Vilhena de Araújo (1996) – que constituíram até recentemente a tendência predominante na recepção;
5
As interpretações sociológicas, históricas e políticas. Inaugurada por Walnice Galvão (1972), com um estudo exemplar que permaneceu durante muito tempo bastante isolado, essa linha hermenêutica suscitou um novo interesse a partir da década de 1990, como mostram os trabalhos de Heloisa Starling (1999) e do autor deste ensaio (cf. Bolle, 1990, 1994-95, 1997-98 e 2000)” W. Bolle, Grandesertão.br, p.20.
0 comentários:
Postar um comentário