Nas lojas de esportes as opções são camisas do Inter ou Grêmio, ou do Chelsea, Barcelona, seleção da Espanha. Não nem um chaveirinho do Galo ou do Cruzeiro. Hospedei e fui almoçar no restaurante do Hotel Recanto de Minas, como já informei. Ali me esclarecerem de que eu precisava de uma autorização do IBAMA pra entrar no Parque Nacional Grande Sertão Veredas. Ótimo, pensei, tem que ser controlado mesmo. Imediatamente me lembrei: IBAMA é Federal e hoje é 27/12/10. Recesso com compensação de carga horária. Já aviso logo que não me excluo disso. Apostei comigo mesmo e ganhei: não tinha ninguém lá, mas era hora de almoço e havia uma chance à tarde. Finalmente, após vários contatos, apareceu uma funcionária (terceirizada, é claro), mas não havia nenhum guia para me acompanhar e todos os carros (três), que têm de ser traçados para rodar dentro do parque estavam estragados. Mais finalmente ainda, com o esforço da excelente funcionária terceirizada, coitada, deixada ali, conseguiu-se um guia (terceirizado, é claro) com diploma e tudo e que poderia me levar até determinados pontos do parque, no Clio mesmo. Havia ainda a alternativa de locar um carro traçado para nos levar, algo que sairia por uns 250 rerais, o que recusei prontamente, alegando escassez de recursos. Fomos e eu vi, a reserva está lá. Voltei pro hotel, li, dormi, acordei, jantei e vi, pela primeira vez na vida, uma festa de Natal no dia 27 de dezembro. A Chapada tem 30 anos de idade e já supera suas vizinhas centenárias em muitos aspectos. A cidade cresce desesperadamente, com construções por todos os lados, parece um acampamento, com todo mundo chegando e levantando suas casas. Tudo casa nova, grande, ruas sendo calçadas, árvores sendo plantadas. Dois problemas bem visíveis na Chapada: a) internet só pra quem tem celular TIM ou nas duas lan houses da cidade. Nas lans o sinal só chega após às 18 horas; b) o sertão está virando um produto por aqui, como desodorante avon. Todo mundo é revendedor Avon, digo, revendedor de sertão. Não sabem direito o que é, de onde vem, mas vendem. Uma senhora escreveu um livro (do qual comprei dois exemplares); trata-se de uma senhora simples e muito simpática, dona de uma lojinha de brinquedos, que nasceu em Brasília, olha só, e, segundo ela depois de morar em vários lugares escolheu a Chapada, por causa do sertão, do melhor lugar do mundo, a natureza do lugar, etc, etc. Uma revendedora. Perguntei sobre essa estória de sertão, o que era. A resposta sai toda atravessada, referindo-se a um poeta que escreveu um livro, algo assim... Parece que se trata de um caso daqueles em que a vida imita a arte, mais ou menos como me disse alguém ontem, muito inteligentemente. Ou são os Gaúchos aproveitando do pretexto do Parque para acabar com tudo em volta. Gosto desta hipótese: quanto mais soja e cana em volta mais lindo o Parque fica. O cerrado está desaparecendo ao sul da Chapada, ao sul do parque. Eu falo da Chapada porque os Gaúchos estão com fome (e sede), mas do lado de minas o parque faz divisa com Formoso, Arinos e a Chapada Gaúcha. Do lado da Bahia não sei dizer mas presumo maior proteção pelo vazio demográfico. Li durante uns três minutos e meio e dormi.
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