“Procederemos do mesmo modo com o mito de Édipo, tentando sucessivamente diversas disposições dos mitemas até encontramos uma que satisfaça as condições (…). Suponhamos arbitrariamente que essa disposição seja representada pelo quadro seguinte (relembrando que não se trata de impô-lo, nem mesmo Sugeri-lo, aos especialistas em mitologia clássica, que certamente Gostariam de modificá-lo, ou até mesmo rejeitá-lo):
Cadmo procura por sua irmã Europa, raptada por Zeus | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Cadmo mata o dragao | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Os Espartoi se exterminam uns aos outros | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Lábdaco (pai de Laio) = “manco”? | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Édipo mata seu pai, Laio | Laio (pai de Édipo) = “desajeitado”? | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Édipo imola a Esfinge | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Édipo = “pé inchado”? | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Édipo se casa com sua mãe | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Etéocles mata seu irmão, Polínice | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Antígona enterra Políce, seu irmão, desrespeitando a proibição | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Estamos, assim, diante de quatro coluna verticais, cada uma delas agrupando várias relações pertencentes ao mesmo “feixe”. Se Fôssemos contar o mito, não levaríamos em conta essa disposição em colunas e leríamos as linhas da esquerda para a direita e de cima para baixo. Porém, quando se trata de compreender o mito, uma metade da ordem diacrônica (de cima para baixo) perde seu valor “leitura” e a leitura é feita da esquerda para a direita, coluna por Coluna , tratando cada coluna como um todo”. (C.Lévi-Strauss, Antropologia estrutural, p.229-230)
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