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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

DRUMMOND

         Hino nacional
Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
com a água dos rios no meio,
o Brasil está dormindo, coitado.


Precisamos colonizar o Brasil.
O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonnettes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas.



Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.



Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...



Precisamos adorar o Brasil.
Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão
no pobre coração já cheio de compromissos...
se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.



Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?



Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond

domingo, 28 de novembro de 2010

BARTHES, 2 - Os 3 níveis de descrição: função, ação, narração.

“T. Todorov, retomando a distinção dos formalistas russos, propõe trabalhar sobre dois grandes níveis, por sua vez subdivididos: a história (o argumento), compreendendo uma lógica das ações e uma 'sintaxe' dos personagens, e o 'discurso', compreendendo os tempos, os aspectos e os modos da narrativa (…) Muitas tentativas ainda serão necessárias antes de se poder assegurar os níveis da narrativa. Estas que se vão propor aqui constituem um perfil provisório, cuja vantagem é ainda quase exclusivamente didática: permitem situar e grupar os problemas, sem estar em desacordo, crê-se, com algumas análises já realizadas. Propõe-se distinguir na obra narrativa três níveis de descrição: o nível das 'funções' (no sentido que esta palavra tem em Propp e em Bremond), o nível das 'ações' (no sentido que esta palavra tem em Greimas quando fala dos personagens como actantes) e o nível da 'narração' (que é, grosso modo, o nível do 'discurso' em Todorov)”, R. Barthes, em Análise estrutural da narrativa, p.25-26.

sábado, 27 de novembro de 2010

Os chefes


Devo nomear os chefes agora, e são estes: Medeiro Vaz, Joca Ramiro, Sô Candelário, o Hermógenes, o Ricardão, Titão Passos, João Goanhá, Zé Bebelo e Riobaldo, que me contou tudo de que se lembrava, certamente misturado com um tanto de imaginação, sonhos, devaneios e talvez delírio.

Do título

Meu caminhar é pelo chão e pelas narrativas, observando as imagens produzidas pelo caminho, pelo texto e por esse caminhar. Minhas estradas, minhas principais estradas, são livros: atravesso narrativas. Não aspiro sair do labirinto, mas ao menos encontrar estruturas ou arquétipos facilitadores da circulação. Não quero explicações, mas interpretações.

Anotações de leitura 6: A Princesa de Clèves


Foco narrativo
Narrador numa 3ª pessoa onisciente (debreagem de Madame de La Fayette, talvez ajudada por seu amante Rochefoucauld, com quem teria vivido enredo similar com o narrado em La Princesse de Clèves).
O narrador faz julgamentos de valor, revelando os costumes e ideologia da época.
O narrador “cede” a palavra a personagens, em digressões, por 4 vezes: primeiro, à Senhora de Chartes, que fala à filha sobre a estrutura da Corte de França, p.47-52; segundo, ao Senhor de Clèves, que relata à esposa as aventuras do Senhor D'Anville, p.65-69; terceiro, à delfina Maria Stuart, que fala à Princesa de Clèves sobre a história de Ana Bolena e a Corte da Inglaterra, p.85-87; quarto, a A Carta, destinada ao Vidama, p.95-97 (os números das páginas fazem referência à edição Record, 1985).

Espaço:
Corte do Rei Henrique II (1547-1559) (filho de Francisco I e Catarina de Médicis), França
Alguns lugares:
Paris, Toulon, Navarra, Chantilly, a casa de campo do Senhor e da Senhora de Clèves (Coulommiers), Louvre,
Outros lugares: os aposentos da Rainha em palácio, aposentos da Senhora de Clèves na Corte, aposentos da Senhora de Clèves em Coulommiers

Tempo:
Publicação anônima de A Princesa de Clèves: 1678
Não posso afirmar mas imagino o tempo da narrativa entre 1557 a 1561

Personagens:
Mlle. De Chartes, a Princesa de Cléves
Duque de Nemours, cavaleiro do reino
Príncipe de Clèves
Henrique II (reinou sobre a França sob as ordens da mãe, Catarina, entre 1547 e 1559)
Catarina de Médicis
Maria Stuart
O Vidama
Outros

Mínimo resumo:

Primeira parte:
Na corte de Henrique II. A belíssima Mlle de Chartes é apresentada à Corte. O Príncipe de Clèves a pede em casamento. Ela o aceito, mas sem amor, e o drama começa. O Príncipe ama e, apesar de extremamente respeitado pela esposa dedicada, não é amado por ela, que se apaixona pelo Duque de Nemours. O Duque de Nemours sente-se desesperadamente apaixonado por ela. A mãe da princesa, antes de morrer repentinamente, lhe deixa conselhos de sensatez e de respeito ao marido que a ama e protege e dos riscos que seria se envolver com o Duque de Nemours ou qualquer outro que não seu marido. Como última mensagem a mãe deixa à filha a certeza da condenação se tomasse o caminho de sua inclinação pelo Duque.

Segunda parte:
Adquire-se a cada de campo de Coulommiers, uma espécie de refúgio da Princesa contra seus sentimentos, imaginando que, afastando-se o mais que pudesse da Corte, teria menos possibilidade de ver Nemours, obtendo, assim, sossego de alma. Causa estranhamento ao marido, que se inquieta de ciúmes. Pela paixão que sente, Nemours renuncia a um casamento que lhe faria rei da Inglaterra. A Princesa de Clèves, porém, se não é senhora de seus sentimentos, decide comandar seus atos. As crises de ciúme do Senhor de Clèves aumenta a limites intoleráveis. O episódio da carta perdida enderaçada ao Vidama (que a Princesa imaginou fosse endereçada a Nemours) a fez conhecer o ciúme.

Terceira parte:
O mistério da carta é esclarecido e a Princesa percebe que o episódio não diz respeito a Nemours. Para a contrariedade do marido, a Princisa quer ficar cada vez mais tempo no campo, longe da Corte, despertando mais e mais suspeitas no Príncipe de Clèves. Não vendo outra saída, a Princesa decide confessar seus sentimentos ao marido, sugerindo que o melhor a fazer é que ela deixe definitivamente a Corte. O marido é tomado de muitos sentimentos, pela sinceridade inesperada e única da esposa, dos ciúmes, da impossibilidade de saber o nome do seu rival. Oculto, Nemours ouve toda essa conversa, que ocorreu na sala da casa de Coulommiers. Ele se desespera pelo fato de se saber amado e de não receber nenhuma resposta desse amor da pessoa que também ama. O Príncipe contrata vigilantes e descobre que seu rival é Nemours. A Princesa implora a Nemours, sem resultados, que a deixe em paz, que se afaste. Imprudentemente, Nemours comenta com um amigo sobre esse triângulo, omitindo os nomes, mas a história começa a circular na Corte, colocando suspeitas nos três atores verdadeiros.

Quarta parte:
Uma vez mais a Princesa tenta se esconder em Coulommiers, afastando-se da Corte, mas Nemours não desiste e continua aparecendo, mesmo à noite, para observá-la, tentar lhe falar. Novas tentativas de conquistas, novos insucessos. Guardas do Príncipe de Clèves denunciam a presença de Nemours em Coulommiers, que então se convence de que é traído e morre, doente, com a tristeza desse sentimento, elogiando a virtuosa infidelidade da sua esposa. Mesmo com as insistentes aproximações de Nemours, após a morte de Senhor de Clèves, A princesa se mantem firme no controle de seus atos, recusando-se a novo casamento e se recolhendo a lugar distante, ocupando-se de trabalhos ligados a obras da igreja.

O Primeiro esboço da caminhada, ainda na Antropologia, abril/10


NA BUSCA DA FORMULAÇÃO DO OBJETO DOS DISCURSOS SOBRE O LUGAR SERTÃO
UM ESQUEMA A PARTIR DE M. FOUCAULT E P. RICOEUR
(A Arqueologia do saber e Interpretação e ideologias):

1 – DEMARCAR AS SUPERFÍCIES PRIMEIRAS DE EMERGÊNCIA DO OBJETO

Minha situação:
estou em busca dos sinais do aparecimento do possível objeto material do lugar chamado “sertão” (fenômeno brasileiro?) em textos (criações humanas e ideológicas) e não em algum espaço físico ou territorial nem em entrevistas com possíveis habitantes de alguma “região” específica; esse objeto que busco teria sido mencionado já na Carta de Caminha (primeiro “nativo” do “meu” sertão?) ao seu Rei, quando do contato com as terras brasileiras; teria sido mencionado depois em relatos de viajantes pelo interior do país; percorrido pelos bandeirantes em busca de riquezas; que emerge depois como “passado histórico” dos românticos brasileiros (Alencar, Taunay); emerge quando não sei na cultura popular (cordel, música, festas); emerge como “realidade positiva” na “descrição densa” de Euclides da Cunha (Os Sertões); novamente emerge no “regionalismo” (de dimensões universais) em Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa.

2 – DESCREVER AS INSTÂNCIAS DE DELIMITAÇÃO DO OBJETO


Minha situação:
estou em busca dos limites do objeto lugar-sertão :
  1. limites ideológicos físicos/materiais: Geografia; História; Geologia; Hidrologia; Hidrografia; Fitogeografia; Economia; Ecologia; Sociologia; Antropologia e
  2. limites ideológicos míticos/imaginários: Pensamento social brasileiro, Filosofia; Música; Folclore; Literatura


3 – ANALISAR AS GRADES DE ESPECIFICAÇÃO DO OBJETO

Minha situação:
estou em busca dos “diferentes” sertões: o semi-árido; o vazio/deserto; o longe; o que não é aqui; o histórico; o social; o econômico; o físico; o ideológico; o mítico; o imaginado; parte da “matéria vertente”; interior do país; sertão nordestino; sertão de Minas; sertão que encontra o mar; Sertão dos Cariris Velhos; Seridó; o sertão que virou mar; sertões cearenses; Alto Sertão de Patos (PB);os sertões goianos; a Borborema; os sertões altos; os sertões baixos; o sertão-mundo de Riobaldo, entre outros.
__________________________________

Minhas fontes:
  1. textos (ou quaisquer narrativas) que “constroem” ideologicamente ou sugerem a existência do lugar sertão como realidade concreta e
  2. textos (ou quaisquer narrativas) que “desmaterializam”, também ideologicamente, ou sugerem a existência de um lugar sertão imaginado, criado por e revelado nos enunciado.

Meus objetivos:
saber se essas formulações constituem a identidade nacional brasileira ou definem o sertão não como uma “região física”. “lugar concreto”, mas como um "lugar no mundo" do brasileiro, o “seu” lugar de ser, com base no texto Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa, definindo, então, também, o brasileiro.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Anotações de leitura 5: Bachelard



INVENTÁRIO DE IMAGENS

1 A CASA
2 O SÓTÃO
3 O PORÃO
4 A SALA
5 O JARDIM
6 A TORRE
7 O ALÉM-PORÃO
8 A ESCADA
9 O OCEANO
10 O BARCO
11 A CONCHA
12 A CIDADE-OCEANO
13 O CAMINHO
14 O CANTO
15 A IMENSIDÃO
16 O REDONDO

G. Bachelard, A Poética do espaço.

Anotações de leitura 4: ECO


"1 Panorama ou monografia?
MONOGRAFIA

2 História, experimento ou teoria?
HISTÓRIA

3 Antigo ou contemporâneo?
CONTEMPORÂNEO (mesmo rigor que se dedicaria ao antigo)

4 Seis meses ou três anos?
TRÊS ANOS

5 Sim ou não às línguas estrangeiras?
SIM

6 Ciência ou política?

Que é a cientificidade?", H. Eco, Como se faz uma tese.

Cinco páginas no máximo

ENSAIO PARA UM ARTIGO PARA SERTÃO: REGIÃO IMAGINADA, MINISTRADA PELO MESTRADO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL, DE CUJAS AULAS PARTICIPEI NESTE SEGUNDO SEMESTRE DE 2010.

Primeiro: Quero fixar uma linha de raciocínio que lique as quatro unidades em está dividida a disciplina: I-Perspectivas; II-Dualidade à brasileira e sua crítica; III-O Sertão como fronteira e IV-O sertão como narrativa e mito.
Segundo: Quero identificar em cada Unidade um autor-chave, que a explique e a justifique, sem perder de vista os objetivos gerais da disciplina.
Terceiro: Quero alinhar esses autores escolhidos, de forma a dar conta do conteúdo estudado, das discussões realizadas e das possibilidades de abertura para novas reflexões.
Quarto: Quero que o texto final seja apresentado na forma de apontamentos ou impressões de leitura.

Judô - a segunda aula

48 horas depois, de volta ao tatame, pela segunda vez em toda a minha já longa vida. Tudo sob controle: nada com a costela, nenhum esfolão. Alguns elogios do sensei e de alguns colegas de turma: "muito equilíbrio pra tão pouco treino"; "muita coragem para um iniciante". As dores são muitas mas apenas musculares, normais para o esforço que faço. Sinto dores em músculos que eu nem sabia que existiam. Incrível: o treinamento termina, depois de quase duas horas, todos saem, e eu fico andando no tatame, sozinho, querendo ficar ali, continuar treinando. O quimono catinga; catinga minha, indo embora, acho. Saí da escola e tomei um susto: tinha no rosto um sorriso leve e verdadeiro, de que quase não lembrava mais como era.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Anotações de leituras 3: Manon Lescaut




Espaço
Rouen, Amiens, Chaillot, Luxemburgo, Grève, Chatêlet, Paris... Informe incidental, nenhum lugar, ambiente ou espaço é descrito diretamente. Apenas de forma oblíqua há referências a esses nomes de lugares. O quarto de Des Grieux em Amiens, as estalagens, as ruas, Saint-Sulpice, o Hospital, Saint Lazare, o que é informado deles é apenas o que serve ao desenrolar da ação narrada. Não há cores, nem clima, nem relevos ou texturas no ambiente. As paixões e as redes da trama estão suspensas nas falas dos narradores, como se, num confessionário, fosse possível a terceiros saber o teor da confissão. Abafado pela preocupação com os costumes, não há lugar para o espaço em Manon Lescaut. Mesmo o tempo está aprisionado na fala confessional.

Anotações de leituras 2: Manon Lescaut


As personagens:
1- O Narrador que apresenta o narrador Des Grieux (Abade Prévost?);
2- O Narrador Des Grieux;
3- Manon Lescaut, amante de Des Grieux;
4- Tiberge, amigo de infância de Des Grieux;
5- M. Lescaut, irmão de Manon;
6- G... M..., o velho;
7- G... M..., o jovem;
8- M... de T..., amigo de Des Grieux

BARTHES, 1 - O método: dedução.

"Onde pois procurar a estrutura da narrativa? Nas narrativas, sem dúvida. Todas as narrativas? Muitos comentaristas, que admitem a ideia de uma estrutura narrativa, não podem entretanto se resignar a retirar a análise literária do modelo das ciências experimentais: eles preconizam intrepidamente que se aplique à narração um método puramente indutivo e que se comece por estudar todas as narrativas de um gênero, de uma época, de uma sociedade, para em seguida passar ao esboço de um método geral. Este projeto de bom senso é utópico. A própria linguística, que só tem umas mil línguas a abarcar, não o faz; sabiamente, fez-se dedutiva e, assim, desde aí, ela se constituiu verdadeiramente e progrediu a passos de gigante, chegando mesmo a prever fatos que ainda não tinham sido descobertos", R.Barthes, In Análise estrutural da narrativa, p.21.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Judô

Confirmando o que já havia informado dia 22, comecei hoje minhas aulas de judô. Buscando equilíbrio, caí, me joguei ou fui jogado ao tatame umas 200 vezes. Estou preocupado com uma costela aqui do lado direito, mas creio estar tudo dentro do previsível para situações como essa. Um Professor de Administração me colocou nas mãos a seleta fácil de os cem melhores poemas brasileiros do século. Fico espantado  com  a indústria: livros assim vendem muito. E até reconheço suas contribuições. O problema, pra mim, é que a obviedade me irrita demais. Pra mim, salvou porque se lembrou de Ana C. Como se vê, o judô ainda não fez seus efeitos esperados, além das dores iniciais.

Ana C



olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista tudo que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas

Ana Cristina Cesar

Anotações de leituras 1: Manon Lescaut



As prisões de Des Grieux:

a.     Quarto da casa do pai em Amiens (pela fuga com Manon);
b.     Saint-Sulpice em Paris (para o Estado Eclesiástico)
c.      Saint-Lazare em Paris (pelo ataque ao velho G..M...)
d.     Petit Châtelet em Paris (pelo ataque ao jovem G...M...)
e.      ...
f.      O amor por Manon

As prisões de Manon:

a.     Inclinação para as riquezas e os prazeres (em Paris)
b.     Convento em Amiens (por questões anteriores a Des Grieux);
c.      Hospital em Paris (pelo ataque a ao velho G...M);
d.     Petit Châtelet  em Paris (pelo ataque ao jovem G...M...);
e.      ...
f.      O amor por Des Grieux

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Sobre o Orientalismo, de Said.


São Roque de Minas-MG, onde o Rio São Francisco começa a constrtuir muitas cidades.  Existe uma espécie de similaridade entre as trajetórias antropológicas para as construções dos mitos do Oriente e o do Sertão. Na verdade, parece que Said trata o orientalismo como um semimito. Essa possível aproximação, que antevejo na perspectiva teórica, poderia ser revelada por alguns aspectos que passo a relatar. Antes de tudo me lembro de um texto de Câmara Cascudo, creio que Cultura e Civilização, em que o autor provocava o leitor, questionando-o se já havia pensado em quanta coisa havia acontecido entre a pré-história e a história. Nos nossos livros de História, um ou outro capítulo é dedicado à Antiguidade Oriental ou Civilizações Orientais, quase sugerindo que teriam tido lugar nesse período de transição para o verdadeiro início da Civilização: a Grécia. A partir daí a História é contada do ponto de vista do Ocidente, primeiro vencedor. Quase uma usurpação, se considerarmos que a Grécia tem lugar a leste de Greenwich, ou a antecipação da arbitrariedade, que inclusive seria reinventada dois mil anos depois, renascida. Para começar, lembro a referência feita por Said, em que pede que levemos a sério a observação de Vico, de que os homens fazem sua história, esclarecendo que as coisas assim feitas, as construções culturais, a história e a geografia, são criações humanas; depois, que essas construções assumem estruturas de discurso, deixando claro o seu caráter de disputa por poder entre as pessoas e povos e de imposição de uma determinada posição hegemônica, agora Said citando Gramsci; coincidente também é o fato de as construções (do Oriente e do Sertão) terem base ideológica, certamente, mas também literária, apesar de que, pelo menos nas suas origens, no primeiro caso, acredito, mais ideológico que literário; o inverso acontecendo com o sertão. Neste último ponto, destaco, do lado do orientalismo: Joseph Ernest Renan (1823-1892), filósofo, principalmente; do nosso lado, José Martiniano de Alencar (1829-1877), ficcionista, principalmente. Sigo esse caminho, mas, para ser fiel a Said, devo dizer que ele afirma com todas as letras que o orientalismo de que ele nos fala pode acomodar Ésquilo (c. 525/524 a.C.-456/455 a.C.), Dante (1265-1321), Shakespeare (1564-1616), Silvestre de Sacy (1758-1838), Victor Hugo (1802-1885), Gustave Flaubert (1821-1880) e Karl Marx (1818-1883). Mais ideologia e mais literatura. O sertão poderia acomodar Caminha (1450-1500), Taunay (1843-1899), Euclides (1866-1909), Capistrano (1853-1927), Graciliano (1892-1953), Mário (1893-1945), Arinos (1905-1990) e Rosa (1908-1967)? Considero Mário de Andrade e João Guimarães Rosa casos muito especiais. Muito mais literatura. Talvez pelo fato de Ingleses e Franceses e depois americanos e muitos outros já saberem quem eles eram e o que queriam, nos impuseram seus seres quereres. Se antecipássemos Viana Moog, eu repetiria que os irlandeses e ingleses se mudaram para os USA e, porque sabiam o que queriam, expulsaram os nativos moradores, em alguns casos, ou usurparam ou compraram território, em outros. A consciência da vontade dos povos nativos talvez seja inquestionável, mas não incluía serem expulsos de suas terras, ou se mudarem para o sul da Grã-Bretanha. Voltando às aproximações, outro construtor do orientalismo, para Said, é Nerval (1808-1855). Gérard Labrunie foi poeta e romântico, como o nosso Alencar, “irmão” de Mário de Andrade. Aliás, para Said, se deixarmos a perspectiva da abordagem geral para adotar aquela de analisar as participações individuais no constructo semimítico do Oriente, os pioneiros seriam William Jones, Nerval e Gustave Flaubert. O primeiro um grande filólogo; os outros dois, grandes artistas. No caso do sertão, teríamos que mencionar como pioneiros o Amanuense português e uma legião de viajantes, além de Alencar. Os viajantes, quase todos europeus, e teríamos que incluir aí C. Lévi-Strauss (1908-2009), que considerou Goiânia (que visitou em 1937) uma “cidade arbitrária”, construída no meio do nada. Vou tentar traduzir a passagem (sem trocadilho) de Tristes trópicos: “Eu visitei Goiânia em 1937. Uma planície sem fim, que era terreno baldio e campo de batalha, riscada de postes de energia elétrica e de estacas de construção, deixava ver uma centena de casas novas nos quatro cantos do horizonte. A mais importante era o Hotel, construído em cimento e paralelepípedo no centro desse achatamento, evocava um hangar ou um forte; ele teria o maior prazer em ser chamado “bastião da civilização” em um sentido não figurado, mas direto, que assumia um valor especialmente irônico. Porque nada poderia ser tão bárbaro, tão desumano que manter esse conceito no deserto. Este edifício sem graça era o contrário da Cidade de Goiás; sem história, sem tempo, sem costumes, não se tinha suavizado o branco nem abrandado a aridez. Sentia-se ali como se se estivesse em uma estação ou em um hospital: sempre passageiro e jamais residente. Só o medo de uma catástrofe poderia justificar essa fortaleza. Ele estava construído de tal forma que o silêncio e a imobilidade reinantes prolongavam a ameaça. Cádmus, o civilizador, havia semeado os dentes do dragão”.

Euclides 1 - País-ilha

"Insulado deste modo no país que o não conhece, em luta aberta com o meio, que lhe parece haver estampado na organização e no temperamento a sua rudeza extraordinária, nômade ou mal fixo à terra, o sertanejo não tem, por bem dizer, ainda capacidade orgânica para se afeiçoar a situação mais alta.
O círculo estreito da atividade remorou-lhe o aperfeiçoamento psíquico. Está na fase religiosa de um monoteísmo incompreendido, eivado de misticismo extravagante, em que se rebate o fetichismo do índio e do africano. É o homem primitivo, audacioso e forte, mas ao mesmo tempo crédulo, deixando-se facilmente arrebatar pelas superstições mais absurdas" (Euclides da Cunha, em Os Sertões).

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Ceia

REI: Vamos, Hamlet, onde está Polônio?

HAMLET: Numa ceia.

REI: Numa ceia? Onde?

HAMLET: Não onde come, mas onde é comido. Uma certa convocação de vermes políticos está ainda agora a atacá-lo. O verme é o único imperador da dieta: cevamos todas as outras criaturas para que nos engordem, e cevamos a nós mesmos para as larvas. O rei gordo e o mendigo esquelético não são mais que variedade de cardápio - dois pratos, para a mesma mesa. Esse é o fim.

REI: Que pena! Que pena!

HAMLET: Um homem qualquer pode pescar com o verme que engoliu um rei, e depois comer o peixe que engoliu o verme.

REI: Que queres dizer com isso?

HAMLET: Nada, a não ser mostrar como um rei pode passar em cortejo pelas tripas de um mendigo.

W.Shakespeare, Hamlet, Ato IV, Cena 3.

Ofélia


Lição sobre a água

Este líquido é água.
Quando pura
é inodora, insípida e incolor.
Reduzida a vapor,
sob tensão e a alta temperatura,
move os êmbolos das máquinas, que, por isso,
se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.
Embora com exceções mas de um modo geral,
dissolve tudo bem, ácidos, bases e sais.
Congela a zero graus centesimais
e ferve a 100, quando a pressão normal.

Foi nesse líquido que numa noite cálida de Verão,
sob um luar gomoso e branco de camélia,
apareceu a boiar o cadáver de Ofélia
com um nenúfar na mão.

RÔMULO DE CARVALHO

Viagem à imaginação II


Sei também que devo partir do dado concreto, ou seja, a imagem, digo, a pedra. O primeiro salto é para dentro do mito e, depois, para as suas atualizações. Todos os textos são pedras, cristais da imaginação. Cada homem ou mulher uma lanterna. Tomei a providência de me matricular numa escola de judô, buscando o que todos dizem que se deve buscar ali: equilíbrio. Já acredito que sei que não devo confundir imagens com imaginário, sonhos com devaneios, explicações com interpretações, pedras com nuvens. Mas parto da pedra, a parte mais dura do meu corpo.

domingo, 21 de novembro de 2010

MITOCRÍTICA (Passo 1, sob a direção de Arlette Chemain)




"Em primeiro lugar, há que definir as intenções e os objetivos o mais sumariamente possível. A mitocrítica, que o romancista e historiador das religiões, Mircea Eliade havia pressentido há bastante tempo, estabelece que toda a 'narrativa' (liretária, como é óbvio, mas também em outras linguagens: musical, cênica, pictorial, etc.) possui um estreito parentesco com o sermo mythicus, o mito. O mito seria, de algum modo, o 'modelo' matricial de toda narrativa, estruturado pelos esquemas e arquétipos fundamentais da psique do sapiens sapiens, a nossa. É portanto, necessário, procurar qual (ou quais) o mito mais ou menos explícito (ou latente) que anima a expressão de uma 'linguagem' segunda, não mítica. (...) Porque uma obra, um autor, uma época - ou, pelo menos, um 'momento' de uma época - está 'obcecada' (Ch. Mauron) de forma explícita ou implícita por um (ou mais do que um) mito que dá conta de modo paradigmático das suas aspirações, dos seus desejos, dos seus receios e dos seus terrores", A. Chemain, em "Imaginaires francophones", publicações da Universidade de Nice, 1996. Campos do Imaginário, p. 246.

Espaços vividos não são apenas memória








Uma semana em Armação dos Búzios, Rio de Janeiro, em fevereiro de 2010. Espaços vividos com muita felicidade, na melhor companhia possível. Falta coragem para pisar novamente essas pedras, essas areias, olhar essas casas, esses caminhos, esse mar azul.

Prefácios 2





“ ‘A matemática não pôde progredir, até que os hindus inventassem o zero’ 
O DOMADOR DE BALEIAS.
Meu duvidar é da realidade sensível aparente – talvez só um escamoteio das percepções.  Porém, procuro cumprir. Deveres de fundamento a vida, empírico modo, ensina: disciplina e paciência. Acredito ainda em outras coisas, no boi, por exemplo, mamífero voador, não terrestre”. J.G. Rosa, Tutaméia, p.148.

Uma canção



Uma canção jamais sairá da minha mente.
Eu ouvi essa canção um dia, no meio do caminho, como Dante
Como Dante, no meio do caminho, um dia, encontrou Beatriz.
Hoje eu sei que ela confundirá meus sentidos enquanto eu viva,
Eu a ouvirei misturada ao som das coisas que caem no chão,
Ou que sejam sopradas pelo vendo leve de uma tarde de domingo.
Não se importará que eu esteja na estrada distante,
Ou no fundo do quintal de casa; longe ou perto; cansado ou triste.
Não sairá da minha memória porque é de todos os tempos,
De antes e de depois.
Sinto que essa canção será a própria memória de mim.
Ancestral, anunciou para mim o meu destino
E me chamou para a vida que era minha desde sempre:
Uma canção de encontro; uma canção de amor.
Cérbero a me indicar o caminho: passado, presente e futuro.
Passagem livre para entrar; eu jamais quis mesmo sair.
Quando ouvi, entendi assim os seus versos
Ou então não entendi os seus versos,
Especialmente talvez estes: os que falavam do tempo.
Bastava, pra mim, a vitória de Hércules no seu último trabalho.
Mas a melodia tinha acertado em cheio meus ouvidos,
A ponto de me jogar no vazio pleno do medo.
Medo de amar e ser feliz inscrito nos versos da canção que ouvi.
Os seus versos são minha inscrição e revelação oracular,
E ainda soarão e estarão comigo quando eu estiver de pé,
Lá no fim, mesmo que às margens de mim, nas margens de Aqueronte,
Olhando fixo, resignado e respeitoso, para a sombra do barco
Do barqueiro que vem me buscar.
(25/04/2010)

Prefácios 1


"Em resumo: tal como há dez anos, o Imaginário - ou seja, o conjunto das imagens e relações de imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens - aparece-nos como o grande denominador fundamental onde se vêm encontrar todas as criações do pensamento humano. o Imaginário é esta encruzilhada antropológica que permite esclarecer um aspecto de uma determinada ciência humana por um outro aspecto de uma outra. Porque nós constatamos mais do que nunca, neste ano de 1969, as parcelizações universitárias das ciências do homem que, conduzindo ao gigantesco problema humano das visões estreitas e facciosas, mutilam a complexidade compreensiva (ou seja, a única fonte de compreensão possível) dos problemas postos pelo comportamento do grande macaco nu: o homo sapiens. Mais do que nunca, reafirmamos que todos os problemas relativos à significação, portanto ao símbolo e ao Imaginário, não podem ser tratados - sem falsificação - por apenas uma das ciências humanas. Qualquer antropólogo, quer seja psicólogo, sociólogo ou psiquiatra especializado, deve ter uma soma cultural tal que ultrapasse de longe - pelo conhecimento das línguas, dos povos, da história, das civilizações, etc. - a magra bagagem distribuída pela nossa Universidade sob o título de diplomas de Psicologia, Sociologia, Medicina... Para poder falar com competência do Imaginário, não nos podemos fiar nas exiguidades ou nos caprichos da nossa própria imaginação, mas necessitamos possuir um repertório quase exaustivo do Imaginário normal e patológico em todas as camadas culturais que a história, as mitologias, a etnologia, a linguística e as literaturas nos propõem. E aí, mais uma vez, reencontramos a nossa fidelidade materialista ao frutuoso mandamento de Bachelard: 'A imagem só pode ser estudada pela imagem...' Só então se pode honestamente falar do Imaginário com o conhecimento de causa e compreender-lhe as leis. E a primeira constatação revolucionária que há a fazer, com o autor da Psicanálise do fogo como com o do Manifesto do surrealismo, é que este Imaginário, longe de ser a epifenomenal 'louca da casa' a que a sumaríssima psicologia clássica o reduz, é, pelo contrário, a norma fundamental - a 'justiça suprema', escreve Breton - diante da qual a contínua flutuação do progresso científico aparece como um fenômeno anódino e sem significação". G. Durand, no Prefácio à terceira edição de As Estruturas Antropológicas do Imaginário, p. 18-19.

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...


ALPHONSUS DE GUIMARAENS

Viagem à imaginação I


Diferentemente de muitas pessoas, não tenho dificuldades para aceitar a ideia de que o sertão não existe como lugar concreto. Digo isso sem discutir "lugares" nem "concretudes". São termos por enquanto provisórios. Por outro lado, reconheço e respeito a dificuldade em muita gente. Tanto é assim que eu vou para dentro do conceito, achando que estou indo para dentro da Nação. Não quero saber o que pensam as pessoas pelo caminho. Acredito que adivinho, já reconhecendo também a presunção. Trata-se, porém, de presunção metodológica. Minha hipótese nula é que encontrarei o que procuro, não o encontrando. Tentarei atravessar o "sertão", do qual só quero o que restar em mim depois. A própria viagem já é um princípio: "o sertão não é aqui" e o "o Brasil não é longe daqui". Por enquanto, só existo eu mesmo (ou a minha experiência). Ou então teria que haver diferença entre Hong Kong e São Romão. Faltam 32 dias e eu tenho dois mapas (um físico e outro, imaginário) e nenhum roteiro.

Ontem muito presente ou o tempo aprisionado pelo espaço vivido

Quanta vida vivida em Ouro Preto-MG em fevereiro de 2010 entre montanhas e igrejas. Imagens de Minas; imaginação do mundo.

Antigamente e ontem II

"Cabe considerar una fábula como agrupamiento específico de series de acontecimientos. La fábula como conjunto constiuye un proceso, aunque a cada acontecimiento se le puede también denominar proceso, o por lo menos, parte de un proceso. Cabe distinguir tres fases en toda fábula: la possibilidad (o virtualidad), el acontecimiento (o realización) y el resultado (o conclusión) del proceso. Ninguna de estas tres fases es indispensable. Una posibilidad se puedo o no se realizar. E incluso si se realiza el acontecimiento, no está asegurada siempre una conclusión satisfactoria". M. Bal, Teoría de la narrativa, p. 27-28.

Antigamente e ontem

"Não foi, todavia, só a alegoria que 'salvou' a mitologia helênica. Um pouco mais tarde, lá pelos fins do século IV aC e inícios do III aC, o filósofo alexandrino Evêmero publicou uma obra, de que nos restam alguns fragmentos, História Sagrada, que, com o mesmo título, foi traduzida para o latim pelo poeta Quinto Ênio (239-169 aC). Trata-se de uma espécie de romance sob a forma de viagem filosófica, no qual afirma Evêmero haver descoberto a origem dos deuses. Estes  eram antigos reis e heróis divinizados e seus mitos não passavam de reminiscências, por vezes confusas, de suas façanhas na terra". J.S.Brandão, Mitologia Grega I, p.31.