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sábado, 18 de dezembro de 2010

FAUSTO 2


 O POETA


E não sentis quão torpe é tal ofício?
Quão pouco digno é do genuíno artista?
Vejo que da ralé o mísero artifício,
Convosco, como axioma se registra.


O DIRETOR


Tal repreensão pouco me ofende:
Quem o êxito maior pretende,
Escolhe os instrumentos; é só ver
Quão mole é a linha que deveis fender.
Pensai: escreveis para quem?
Se enfado impele a esse, outro vem
Da lauta ceia, farto por demais;
Pior que tudo, acho, porém,
Mais de um vir da leitura dos jornais.
Acodem cá, tal como às mascaradas,
Curiosidade, só, aguça-lhes o intuito;
Exibem-se à platéia as damas adornadas,
Dando espetáculo gratuito.
Que sonhas, poeta? do alto a quem acenas?
A sala cheia a júbilo te induz?
Olha de perto os tais Mecenas!
São semifrios, semicrus.
Corre esse, findo o teatro, ao jogo de baralho,
A amores vis, aquele, e a excitações confusas;
Convém por tal, pobre paspalho,
Atormentar as meigas Musas?
Eu digo-vos, dai mais, dai mais, e sempre mais,
E nunca haveis de errar o intento;
Basta que os homens aturdais,
Árduo é lidar a seu contento...
Que te acontece? é êxtase, ou é dor?


J.W.Goethe, Fausto, p. 31

Lukács


"3. Epopéia e romance. Epopéia e romance, ambas as objetividades da grande épica, não diferem pelas intenções configuradoras, mas pelos dados histórico-filosóficos com que se deparam para a configuração. O romance é a epopéia de uma era para a qual a totalidade extensiva da vida não é mais dada de modo evidente, para a qual a imanência do sentido à vida tornou-se problemática, mas que ainda assim tem por intenção a totalidade. (...) Nota 19: Embora célebre, a frase em que Hegel concebe o romance como epopéia burguesa (cf. G.W. F. Hegel, Vorlesungen über die Aesthetik [Preleções sobre a estética], vol. III, Jubiläumsausgabe, Stuttgart, 1964, p.395) tem seus precedentes. Pelo menos desde Blankeburg, o romance é tomado como herdeiro da antiga epopéia: 'Considero o romance, como aquilo que, nos tempos helênicos, a epopéia era para os gregos'. F. Blankeburg, Versuch über den Roman [Ensaio sobre o romance], Faksimilidruck der Originalausgabe von 1774, Stuttgart, J. B. Metzler, 1965, p. XIII" Georg Lukács, A Teoria do Romance, p. 55.

Simbolismo ritual Ndembu


"Cada tipo de ritual pode ser visto como uma configuração de símbolos, espécie de 'pauta musical' na qual os símbolos são as notas. O símbolo é a menor unidade de uma estrutura específica no ritual Ndembu. O termo vernacular para símbolo é chinjikijilu, de ku-jikijila, 'abrir uma trilha' fazendo marcas em uma árvore com um machado ou quebrando e torcendo galhos para servir de guias de retorno da floresta desconhecida para os caminhos conhecidos. Um símbolo é, então, uma marca ou um destaque na paisagem, algo que liga o desconhecido ao conhecido. O termo Ndembu vem do vocabulário da caça e exemplifica o alto valor ritual ligado a esta atividade. Além disso, ao discutir seus próprios símbolos com os Ndembu, é comum ouvi-los usar constantemente o termo ku-solola, 'tornar visível' ou 'revelar', que associam com aspectos da caça. Efetivamente, os derivados deste verbo são frequentes no seu vocabulário ritual" V. Turner, Floresta de símbolos, p.83.

Baudelaire



CORRESPONDANCES

La Nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles;
L'homme y passe à travers de forêts de symboles
Qui l'observent avec des regards familiers.

Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste como la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.

Il est des parfums frais comme des chairs d'enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
Et d'autres, corrompus, riches et triomphants,

Ayant l'éxpansion des choses infinis,
Comme l'ambre, le musc, le benjoin et l'encens,
Qui chantent les transports de l'esprit et des sens.

CHARLES BAUDELAIRE

O Ninho


"Numa frase curta, Victor Hugo associa as imagens e os seres da função de habitar. Para Quasímodo, diz ele, a catedral fora sucessivamente o 'ovo, o ninho, a casa, a pátria, o universo'. 'Quase se poderia dizer que ele havia tomado a forma dela, como o caracol toma a forma da concha. Era sua morada, sua toca, seu invólucro... Estava, por assim dizer, colado a ela como a tartaruga ao casco. A rugosa catedral era a sua carapaça'. Todas essas imagens eram necessárias para mostrar como um ser desvalido toma a forma atormentada dos esconderijos nos cantos do complexo edifício. Assim o poeta, pela multiplicidade das imagens, nos torna sensíveis aos poderes dos diversos refúgios. Mas imediatamente ele acrescenta às fartas imagens um signo de moderação: 'É inútil', continua Hugo, 'advertir o leitor para não tomar ao pé da letra as figuras que somos obrigados a empregar aqui para exprimir esse amoldamento singular, simétrico, imediato, quase consubstancial de um homem a um edifício'" G. Bachelard, A Poética do espaço, p. 103-104.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Otacília - Luz dos olhos


"Assim pois foi, como conforme, que avançamos rompidas marchas, duramente no varo das chapadas, calcando o sapê brabão ou areias de cor em cimento formadas, e cruzando somente com gado transeúnte ou com algum boi sozinho caminhador. E como cada vereda, quando beirávamos, por seu resfriado, acenava para a gente um fino sossego sem notícia - todo butitizal e florestal: ramagem e amar de água. E que, com nosso cansaço, em seguir, sem eu nem saber, o roteiro de Deus nas serras dos Gerais, viemos subindo até chegar de repente na Fazenda Santa Catarina, nos Buritis-Altos, cabeceira de vereda. Que's borboletas! E era em maio, pousamos lá dois dias, flôr de tudo, como sutil suave, no conhecimento meu com Otacília. O senhor me ouviu. Em como Otacília eu eu ficamos gostando um do outro, conversamos, combinados no noivável, e na sobremanhã eu me despedi, ela com a cabecinha de gata, alva no topo da alpendrada, me dando a luz de seus olhos; e de lá me fui, com Diadorim e os outros. E de como viemos, em cata do grosso do bando de Medeiro Vaz, que dali quinze léguas recruzava, da Retragagem para a Vereda-Funda, e com eles nos ajuntamos, economizando rumo, num lugar chamado o Bom-Buriti. Me alembro, meu é. Ver belo: o céu poente de sol, de tardinha, a roséia daquela cor. E lá é cimo alto: pintassilgo gosta daquelas friagens. Cantam que sim. Na Santa Catarina. Revejo. Flores pelo vento desfeitas. Quando rezo, penso nisso tudo. Em nome da Santíssima Trindade" J.G. Rosa, Grande sertão: veredas, p.323-324.

Jung IV - O Deslocamento


"Minha vida é a história de um inconsciente que se realizou. Tudo o que nele repousa aspira a tornar-se acontecimento, e a personalidade quer evoluir a partir de suas condições inconscientes e experimentar-se como totalidade [...]"     C.G. Jung apud Marilene Caon Pieruccini.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Gilbert Durand - Introdução 1


"O pensamento ocidental e especialmente a filosofia francesa têm por constante tradição desvalorizar ontologicamente a imagem e psicologicamente a função da imaginação, 'fomentadora de erros e falsidades'. Alguém notou, com razão, que o vasto movimento de ideias que de Sócrates, através do augustinismo, da escolática, do cartesianismo e do século das luzes, desemboca na reflexão de Brunschcicg, Lévi-Bruhl, Lagneau, Alain ou Valéry tem como consequência o 'pôr de quarentena' tudo o que considera férias da razão. Para Brunschvicg, toda a imaginação - mesmo a platônica! - é 'pecado contra o espírito'. Para Alain, mais tolerante, 'os mitos são ideias em estado nascente' e o imaginário é a infância da consciência.
"Poder-se-ia esperar, parece, que a psicologia geral fosse mais clemente para com a 'louca da casa'. Mas não. Sarte mostrou que os psicólogos clássicos confundem a imagem com o duplicado mnésico da percepção, que mobilia o espírito com 'miniaturas' mentais que não passam de cópias das coisas objetivas. No limite, a imaginação é reduzida pelos clássicos àquela franja aquém do limiar da sensação que se chama imagem remanescente ou consecutiva. É sobre esta concepção de um imaginário desvalorizado que floresce o associativismo, esforço certamente louvável para explicar as conexões imaginativas, mas que comete o erro de reduzir a imaginação a um puzzle estático e sem espessura e a imagem a um misto , muito equívoco, a meio caminho entre a solidez da sensação e a pureza da ideia. Bergson deu o primeiro dos golpes decisivos no associativismo ao abrir dimensões novas no constinuum da consciência. No entanto, Bergson não liberta completamente a imagem do papel subalterno que a psicologia clássica a fazia desempenhar. Porque, para ele, a imaginação reduz-se à memória, a uma espécie de contador da existência, que funciona mal no abandono do sonho mas que volta a regularizar-se pela atenção perceptiva à vida", G. Durand, As Estruturas antropológicas do imaginário, p.21-22.

Bergson - As Duas memórias


"Há, como dizíamos duas memórias profundamente distintas: uma, fixada no organismo, não é senão o conjunto dos mecanismos inteligentemente montados que asseguram uma réplica conveniente às diversas interpelações possíveis. Ela faz com que nos adaptemos à situação presente, e que as ações sofridas por nós se prolonguem por si mesmas em reações ora efetuadas, ora simplesmente nascentes, mas sempre mais ou menos apropriadas. Antes hábito do que memória, ela desempenha nossa experiência passada, mas não evoca sua imagem. A outra é a memória verdadeira. Coextensiva à consciência, ela retém e alinha uns após outros todos os nossos estados à medida que eles  se produzem, dando a cada fato seu lugar e consequentemente marcando-lhe a data, movendo efetivamente no passado definitivo, e não, como a primeira, num presente que recomeça a todo instante. Mas, ao distinguir profundamente essas duas formas de memória, não havíamos mostrado seu vínculo. Acima do corpo, com seus mecanismos que simbolizam o esforço acumulado das ações passadas, a memória que imagina e que repete pairava, suspensa no vazio.  Mas, se nunca percebemos outra coisa que não nosso passado imediato, se nossa consciência do presente é já memória, os dois termos que havíamos separado de início irão fundir-se intimamente. Considerado esse novo ponto de vista, com efeito, nosso corpo não é nada mais que a parte invariavelmente renascente  de nossa representação, a parte sempre presente, ou melhor, aquela que acaba a todo momento de passar. Sendo ele próprio imagem, esse corpo não pode armazenar as imagens, já que faz parte das imagens; por isso é quimérica a tentativa de querer localizar as percepções passadas, ou mesmo presentes, no cérebro: elas não estão nele; ele é que está nelas. Mas essa imagem muito particular, que persiste em meio às outras e que chamo meu corpo, constitui a cada instante, como dizíamos, um corte transversal do universal devir. Portanto, é o lugar de passagem  dos movimentos recebidos e devolvidos, o traço de união entre as coisas que agem sobre mim e as coisas sobre as quais eu ajo, a sede, enfim, dos fenômenos sensório-motores" Henri Bergson, Matéria e memória, p. 176-177.

SOUSTELLE 2 - Os Olmecas


"Desde essa época [300 aC], as tumbas de Tlatico manifestam a influência que exerceu, no planalto superior, a primeira das altas civilizações mexicanas, a dos Olmecas, da costa do golfo. Entre os séculos II e III aC e o século VI dC, este povo ainda misterioso edificou verdadeiras cidades, especialmente em La Venta (no Tabasco atual). Pirâmides e altares, estelas esculpidas, baixos-relevos, cinzeladuras de jades e de jadeístas, sobretudo escrito hieroglífica e computação do tempo: com os Olmecas surgem estes traços essenciais de todas as grandes civilizações do México. Pode-se considerá-los como formando uma transição entre o período pré-clássico, o da aldeia, e o período clássico, o da civilização urbana", Jacques Soustelle, Os Astecas, p.9.