"Em primeiro lugar, há que definir as intenções e os objetivos o mais sumariamente possível. A mitocrítica, que o romancista e historiador das religiões, Mircea Eliade havia pressentido há bastante tempo, estabelece que toda a 'narrativa' (liretária, como é óbvio, mas também em outras linguagens: musical, cênica, pictorial, etc.) possui um estreito parentesco com o sermo mythicus, o mito. O mito seria, de algum modo, o 'modelo' matricial de toda narrativa, estruturado pelos esquemas e arquétipos fundamentais da psique do sapiens sapiens, a nossa. É portanto, necessário, procurar qual (ou quais) o mito mais ou menos explícito (ou latente) que anima a expressão de uma 'linguagem' segunda, não mítica. (...) Porque uma obra, um autor, uma época - ou, pelo menos, um 'momento' de uma época - está 'obcecada' (Ch. Mauron) de forma explícita ou implícita por um (ou mais do que um) mito que dá conta de modo paradigmático das suas aspirações, dos seus desejos, dos seus receios e dos seus terrores", A. Chemain, em "Imaginaires francophones", publicações da Universidade de Nice, 1996. Campos do Imaginário, p. 246.
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